Defendem os clássicos (a começar por
Aristóteles) que os regimes políticos não se distinguem por serem monárquicos,
aristocráticos ou democráticos, mas pela forma como conciliam, melhor ou pior,
esses três princípios estruturantes de todos os regimes
políticos.
No nosso regime, o princípio monárquico está,
evidentemente, consubstanciado na figura presidencial, ainda que de forma cada
vez menos visível, dado que os Presidentes da República que temos tido têm sido
sobretudo representantes dos seus partidos e da partidocracia em geral – não,
como deveriam ser, os representantes maiores da Nação. A esse respeito, Aníbal
Cavaco Silva não foi melhor nem pior do que os seus mais próximos
antecessores.
Por regra, mas não sempre, a degradação do
princípio monárquico deriva da degradação do princípio aristocrático.
Consubstanciando-se este na nossa classe política, é igualmente óbvia a sua
degradação. A classe política que nos tem representado nestas últimas quatro
décadas tem sido, de eleição para eleição, cada vez
pior.
Se não fosse esse o caso, poderíamos até aceitar
um outro modelo de eleição presidencial. Se na nossa classe política estivessem
de facto os melhores, o mais adequado, no plano dos princípios, seria que fossem
os melhores a escolher “o melhor dos melhores”. Continuando neste registo mais
onírico, imaginamos até a situação em que, por exemplo, Adriano Moreira fosse
acolhido (mais do que escolhido) e aclamado como “o melhor dos melhores”, como,
realmente, o Presidente(-Rei) de todos nós.
Como, infelizmente, a realidade está muito
distante desse sonho, importa, ao invés, defender um outro paradigma: o da
ruptura democrática com a nossa partidocracia. Por isso, olhando para os vários
candidatos – decerto, em número excessivo, o que é igualmente sintoma da
degradação da nossa situação política, em que os egos, cada vez mais, prevalecem
sobre os ideais (escusado será aqui dar exemplos…) –, a nossa opção é por Paulo
Morais, aquele que nos dá mais garantias de independência em relação à nossa
degradada partidocracia.
O percurso de Paulo Morais é, ele próprio, uma
garantia: de não pactuar com a corrupção nem de ficar refém da nossa classe
política. Pessoalmente, gostaria que o seu discurso fosse mais amplo – como o
foi, nos seus melhores momentos, o discurso de Fernando Nobre nas eleições
anteriores, em que, por exemplo, o horizonte da lusofonia era muito (e bem)
valorizado. Admito, porém, que hoje as prioridades tenham que ser mais
imediatistas. Por isso, reitero-o, apoiarei Paulo Morais nas próximas Eleições
Presidenciais, salientando que esta é uma posição inteiramente pessoal – nem o
MIL: Movimento Internacional Lusófono, a que presido, nem o Nós, Cidadãos!, de
que sou um dos Vice-Presidentes, apoiarão qualquer
candidato.
Renato Epifânio